Propuesta del Panel:
O Movimento de Reconceituação do Serviço Social na América Latina: determinantes históricos, interlocuções internacionais e memória (1960-1980).Nossa finalidade com esse painel é apresentar resultados da pesquisa “O Movimento de Reconceituação do Serviço Social na América Latina: determinantes históricos, interlocuções internacionais e memória (1960-1980)”, bem como a proposta de continuidade da mesma já em construção. Essa pesquisa – realizada no período de 2016 a 2021 – aborda o movimento de reconceituação na América Latina e seus desdobramentos contestatórios ao conservadorismo nesse universo profissional. Simultaneamente realiza interlocução com iniciativas similares ocorridas na Europa Ibero-americana, (Portugal e Espanha), no Reino Unido, na América do Norte (EUA): tanto aquelas que dele sofreram alguma influência quanto expressões de iniciativas exógenas contemporâneas, como o Serviço Social Radical de raiz anglo-saxônica e/ou norte-americano. O interesse recai sobre os fundamentos históricos e teórico-metodológicos do Serviço Social, as experiências de formação universitária e de pesquisa exemplares nesta área, identificando suas incidências no exercício profissional. Ela parte do pressuposto que elucidar as constelações que ligam presente e passado é um movimento heurístico fundamental para compreender tanto o passado recente quanto o ineditismo das atuais condições históricas; e para recriar a práxis de enfrentamento a esses tempos de regressão conservadora, contribuindo para formas de resistência política. O Movimento de Reconceituação do Serviço Social (1965-1975) é um marco na sua aproximação política e teórica com as lutas, organizações e movimentos sociais que portam a defesa dos direitos, interesses e projetos societários das classes subalternas, na década de sessenta do século XX. Ele desencadeia inédita incorporação de concepções histórico-críticas no universo intelectual do Serviço Social; na afinidade eletiva entre o Serviço Social latino-americano e a vida, projetos e disputas coletivas de segmentos de trabalhadores, numa conjuntura de efervescência social na América Latina e no cenário mundial. Esta é a angulação privilegiada de leitura da história latino-americana e do Serviço Social nesse universo, no contraponto à história oficial, que passa a ser a apreendida “pelo avesso”.Nesta direção esta pesquisa alarga a interlocução internacional do Serviço Social latino-americano com propostas teóricas e político-profissionais emergentes em outras latitudes, também insurgentes ao Serviço Social instituído, em um amplo espectro. Essas experiências contestatórias indicam um processo de questionamentos, calcado em forças sociais, políticas e orientações teóricas em disputa, que sinalizam dimensões da “erosão do Serviço Social tradicional” (NETTO, 1992) no período de 1960-1980. Aqui constam diálogos com o Serviço Social na Europa (Espanha, Portugal e Reino Unido) e com a América do Norte (EUA).Essa pesquisa, realizada “em rede” internacional de pesquisadores/as na área dos fundamentos do Serviço Social, agrega aproximadamente quarenta pesquisadores dentre docentes e discentes de doutorado, mestrado e de iniciação científica, integrantes de universidades latino-americanas e europeias, nomeadamente: Instituições universitárias executoras: Universidade do Estado do Rio de Janeiro; Universidade Federal de Juiz de Fora; Universidade Federal Fluminense; Universidade Federal de Ouro Preto; Universidade Federal de São Paulo; Universidade Federal do Espírito Santo; Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Universidade Estadual do Oeste do Paraná; Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Instituições estrangeiras colaboradoras: Portugal: Instituto Superior Miguel Torga; Universidade Lusófona do Porto; Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro; Espanha: Universidad de Granada; Universidad de las Islas Baleares; Chile: Universidad Católica de Valparaíso; Universidad de Chile; Argentina: Universidad Nacional de La Plata; Universidad Nacional de Rosario; Colômbia: Universidad Externado de Colombia; Corporación Universitaria Minuto de Dios. Esses/as pesquisadores/as se dividiram em subgrupos de investigação, a saber: A pesquisa acadêmica no Centro Latinoamericano de Trabajo Social - CELATS; Antecedentes e expressões da reconceituação latino-americana na “Escola de Porto Alegre”, Brasil; O significado histórico e contribuição teórica do Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbio de Serviços Sociais (CBCISS) no Brasil; O projeto profissional da Escola de Serviço Social da Universidade Católica de Minas Gerais (1964-1980) – Brasil; Trabalho social e movimentos sociais no Chile e na América Latina. Análise histórica e desafios contemporâneos; La reconceptualización del Trabajo Social em la Universidad Católica de Valparaiso. Chile; O marxismo na reconceituação da Colômbia (As experiências de Cali, Mendellin, Bogotá e Manizales); O movimento de reconceituação argentino; O movimento de reconceituação na Costa Rica; O movimento contestatório do Serviço Social europeu no período de 1960-1980. Espanha e Portugal e Reino Unido no contraponto com a América do Norte - EUA. Desta pesquisa resultaram vários artigos em periódicos e apresentações em eventos nacionais e internacionais; dois livros editados pela UFJF e pela editora Cortez, bem como foram realizados vários simpósios internacionais. Essas produções são frutos do esforço coletivo de pensar o Serviço Social historicamente. Privilegiar a historicidade do Serviço Social supõe apreendê-lo no seu movimento de vir a ser cotidiano, em seu permanente processo de transformação ante as mudanças históricas, e mediante o protagonismo dos “trabajadores sociales”. A angulação prioritária na leitura do Serviço Social é a de sua reconceituação – determinantes históricos, memória e desdobramento – e superação, aliada aos diálogos internacionais com movimentos contestatórios no Serviço Social. Em primeiro lugar, aqui a abordagem amplia-se para o conjunto da América Latina e seu território – o continente e as ilhas caribenhas. Em segundo lugar, adquirem especial relevância, no quadro da cultura de resistência latino-americana, a releitura e a denúncia de sua dependência aos centros hegemônicos mundiais, especialmente aos EUA, e das políticas imperialistas para a região. Em terceiro lugar, o ângulo de observação do capital como relação social contraditória se mantém com centralidade, mas a ênfase da análise é deslocada para o polo das classes trabalhadoras – os “oprimidos” e subalternos –, suas lutas e projetos sociais na América Latina, na Europa (Espanha, Portugal e Reino Unido) e nos EUA, na contramão das tendências predominantes. Desta forma, apresentar os resultados dos subgrupos da pesquisa e a proposta de continuidade da mesma é dar centralidade aos fundamentos históricos do serviço social.